sexta-feira, 27 de abril de 2012

TEMA II - Modelos e tendências evolutivas nos Sistemas Educativos Europeus



Ao longo dos tempos, todas as sociedades enfrentam novos desafios e mutações que lhes são colocados pela evolução da ciência e da Humanidade. A Educação enquanto sistema dessa sociedade também não está imune a essas mutações pois não é possível estudá-la, desligando-a das evoluções sociais. Neste pressuposto, de acordo com Canário (2006), a evolução dos Sistemas Educativos levou a que nos últimos trinta anos se assistisse a um processo acelerado de integração económica supranacional, fenómeno este a que não ficou alheia a União Europeia, pois “Este vasto processo de “mundialização” traduz-se num conjunto de mudanças que, no plano económico, se concretiza principalmente na liberalização dos movimentos de capitais, independentemente das fronteiras nacionais.” (Canário, 2006, p. 29). Por outro lado, “Esta mudança, que correspondeu a uma escolha política, consentida e conduzida pelas autoridades políticas nacionais, retirou aos Estados nacionais a capacidade de controlarem os fluxos no interior e com o exterior das suas fronteiras, reduzindo a sua ação a um estatuto marginal, o que não significa, necessariamente, pouco importante.” (Canário, idem)
Canário (2006, p. 30) salienta ainda que de acordo com Barroso (2005a, pp. 153-155), “é possível colocar em evidência o papel fulcral desempenhado, neste processo de regulação transnacional, por organismos supranacionais (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, OCDE, UNESCO, Comissão Europeia, Conselho da Europa, etc.) que, através de programas de cooperação técnica, de apoio à investigação e ao desenvolvimento, sugerem ou impõem, de modo uniformizado, diagnósticos, técnicas e soluções. A regulação transnacional das políticas educativas opera-se, quer por um efeito de “contaminação”, entre países, de conceitos, políticas e medidas, quer por um efeito de “externalização”, em que as medidas tomadas ao nível nacional são legitimadas pelos exemplos do exterior.”
Na esteira da denominada “Estratégia de Lisboa” (projeto de transformar a economia europeia na mais competitiva e moderna do mundo), a Comissão Europeia elaborou, em 2002, um documento de orientação estratégica com o título: “Educação e Formação na Europa: sistemas diferentes, objetivos comuns para 2010”. Neste documento, segundo Canário (2006) “A preponderância atribuída às exigências do mercado de trabalho e de gestão do emprego é acompanhada da emergência de um novo paradigma educativo em que a “uma nova visão” corresponde um “vocabulário específico” em que se fala cada vez mais de competências e menos de cultura (Lamarche, 2006). Os objetivos enunciados neste documento, agrupados em três eixos estratégicos, são em número de treze, oito dos quais se referem à aquisição de competências adequadas a um novo tipo de mercado de trabalho e de espaço económico alargado” (p. 32). Assim, a definição de competências é um aspeto relevante pois de acordo com Gaspar e Roldão (2007) “Reportamo-nos então para a necessidade de, à escola presidir, no princípio orientador do currículo, “(...) um corpo de aprendizagens necessárias para a consecução das quais se projeta, organiza e regula toda a ação formativa” e a partir do qual se desenvolvem as competências (…)." A sociedade hodierna revela-se competitiva e desafiante, exigindo dos cidadãos o empreendedorismo, a mudança, a inovação e a reação à plasticidade frequente dos seus contextos. Ancorados nestes pressupostos, podemos sustentar que estas atitudes/ações só estão ao alcance daqueles que desenvolvem as suas competências no locus educativo, pois tal como sustenta Leite e Fernandes (2002) “a educação não se pode limitar a aquisição de conhecimentos nem à aprendizagem de conhecimentos instrumentais ou até ao aprender a aprender, (...) espera-se que a escola viva numa forte relação com a sociedade e com o mundo e que crie condições de análise das situações sociais de modo a desenvolver nos alunos competências para nelas intervir” (p. 69). Por conseguinte, na minha opinião, o professor, enquanto ator reflexivo, pró-ativo, gestor e decisor do currículo na sala de aula, tem um papel fundamental e decisivo no desenvolvimento das competências dos alunos e na seleção das metodologias, das estratégias e dos mediadores das aprendizagens que se adequem a esse público-alvo e a esse contexto. Neste pressuposto, através da sua prática reflexiva, o professor, enquanto profissional em situação, questiona as suas práticas pedagógicas e formas de trabalho, contribuindo deste modo para a qualidade do ensino que ministra, para o sucesso educativo dos alunos e para a formação pessoal dos mesmos, enquanto cidadãos ativos, autónomos, intervenientes, reflexivos e capazes de mobilizar, transferir e religar os seus conhecimentos para a obtenção de um resultado desejado dentro de um contexto específico da sociedade.
De acordo com Gaspar e Roldão (2007) “O saber em uso, tornado competência, institui-se em capacidade de uso em novos contextos, portanto não dependente do contexto em que a mesma foi inicialmente adquirida. Implica assim ser capaz de transpor saber(es), adequando o seu uso a cada novo contexto” (pp. 113-114). Ter competência significa ter capacidade de mobilizar e religar os conhecimentos aprendidos, o “saber em uso” de modo a resolver uma determinada tarefa mas considero também que o conceito de “competência” vai para além do aprender a aprender. Há que mobilizar e transpor os conhecimentos a novos contextos que pouco podem ter a ver com o anterior. O conceito de “competência” de acordo com Edgar Morin, citado por Gaspar e Roldão (2007) “(…) é a capacidade de “religar”, isto é, de estabelecer nexos inteligentes de vária ordem: entre o real e o sujeito, entre o mundo introspetivo e o mundo da ação, entre o saber e a realidade, entre os contextos, entre os saberes entre si, para se tornar capaz de lidar com a complexidade da realidade que importa compreender” (p. 112). Gaspar e Roldão (idem) citam também Joel de Rosnay que sustenta o seguinte: “Aprender por aprender é uma coisa. Aprender para agir é outra.” Assim, contata-se que este autor realça esta necessidade de estabelecer a relação entre os saberes, e entre estes e a ação inteligente, pois a mobilização dos saberes só se aciona e torna visível no contexto.
No âmbito do desenvolvimento curricular e de acordo com o “Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais” é fulcral dotar os alunos com essas competências para que os mesmos se tornem cidadãos ativos na construção do seu conhecimento, interventivos na sociedade e capazes de fruir, transpor e mobilizar os seus conhecimentos. Nesta perspetiva, sou de opinião que para desenvolver as competências nos alunos, o professor tem de desenvolver primeiro as suas competências através de formação e estudo ao longo da vida. No entanto surgem algumas dificuldades pelo caminho. Devido às mutações vertiginosas na sociedade do conhecimento, a legitimidade do papel e do trabalho do professor tem sido questionada, levando Barroso (2005b, citado por Canário, 2006, p. 33) a sustentar que “Não é, portanto, surpreendente que se possa verificar que o estatuto social do professor tende a diminuir, a sua identidade profissional a diluir-se, a legitimidade do seu trabalho a ser questionada, a eficácia dos seus métodos e dos seus resultados a ser contestada. Em suma, o professor tende a tornar-se o “bode expiatório” dos problemas e tensões que marcam negativamente o mundo escolar.”
Será que o caminho é a continuação da colagem ao modelo de fábrica ou o verdadeiro tesouro ainda está por descobrir (Jacques Delors)?


Na minha perspetiva, o velho modelo de fábrica em que o professor se assumia como o patrão, referido por Alvin e Heidi Toffler, já não tem espaço na atualidade. Os ensaístas salientam que os Sistemas Educativos deverão procurar os objetivos e os métodos no futuro e não no passado, rompendo, desta forma, por completo com os modelos concetuais em vigor. Sustentam também que o modelo que utilizamos reporta-se a um tempo, em que urgia responder as necessidades de uma sociedade industrial, na qual se procurava aumentar a produtividade e o lucro. Nas sociedades hodiernas, no contexto educativo, apela-se para uma construção social e para a negociação entre todos os intervenientes. É necessário realizar o tal compromisso social entre a escola, a família e a sociedade para que todos contribuam para o sucesso escolar dos alunos e se aliviem as tensões no locus educativo, através da intervenção democrática e responsável. Neste âmbito Delors (1996) sustenta o seguinte: “Efetivamente, é pela edificação de comunidades educativas plurais, regidas por regras de participação democrática, onde a negociação dos diferentes pontos de vista se privilegia como método e se recusa a violência ou o autoritarismo como formas de resolução dos conflitos naturais, que se educa para uma plena cidadania” (p. 224).
No que concerne ao verdadeiro tesouro, considero que só pela Educação se consegue descobrir a riqueza que cada ser humano tem para revelar. Cada um de nós poderá tornar-se empreendedor e contribuir com ideias para a construção e evolução das sociedades. Neste âmbito, Delors (1996) salienta: “E ainda, por causa de outra exigência para a qual o relatório chama a atenção: não deixar por explorar nenhum dos talentos que constituem como que tesouros escondidos no interior de cada ser humano. Memória, raciocínio, imaginação, capacidades físicas, sentido estético, facilidade de comunicação com os outros, carisma natural para animador,... e não pretendemos ser exaustivos. O que só vem confirmar a necessidade de cada um se conhecer e compreender melhor” (p. 20).

Em relação à criatividade, Ken Robinson distingue-a de pensamento divergente mas salienta que este é essencial para a existência da criatividade. O autor refere, através dos desenhos sugestivos que apresenta, que não devemos anestesiar com “Ritalina” os alunos mas fazê-los dizer o que os motiva na escola e na vida, despertando-os para um mundo repleto de conhecimento, ancorando as suas aprendizagens e desenvolvendo as suas competências numa prática reflexiva, dialética e em rede. Nesta linha de pensamento, deverá sustentar-se a metáfora da rede que preconiza a comunidade, a interação, os contextos, a complexidade, a mudança e o trabalho colaborativo, em detrimento da metáfora da máquina que salienta o individualismo, a rotina, a ausência de contextos, a passividade e a mecanização.
Ken Robinson salienta também que a educação não deveria ser instrumentalizada em favor da industrialização mas ser fator de desenvolvimento pessoal e societal. Neste campo, Delors (1996) refere que “Uma nova conceção ampliada de educação devia fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo — revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente instrumental da educação, considerada como a via obrigatória para obter certos resultados (saber-fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem econômica), e se passe a considerá-la em toda a sua plenitude: realização da pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser” (p. 90). Salienta também que (idem) “Nosso tesouro comum de sabedoria e de experiência pode levar-nos— e levará com certeza — a encontrar os meios de aumentar o nosso bem-estar espiritual e material e de vivermos juntos em harmonia” (p. 256). O maior tesouro da Humanidade é a Educação conjugada com o pensamento. Este é incomensurável e não se pode agrilhoar. O tesouro existe e temos de o descobrir gradualmente. Há que acarinhá-lo, compreendê-lo e desenvolvê-lo para que a Humanidade evolua em harmonia no respeito por todos os valores Humanos e ambientais.  Uma harmonia que queremos com urgência no mundo hodierno.





Por que razão as escolas revelam dificuldades em avançar?
Os Sistemas Educativos pela sua complexidade são distintos em todos os países, atendendo a que cada um tem a sua cultura e autonomia. De acordo com Charlot (2005, citado por Canário, 2006, pp. 31-32) "Na medida em que a dominância da racionalidade económica tende a fazer definhar a racionalidade e a dimensão políticas, a escola não pode continuar a exercer a sua função de igreja de uma “religião cívica” que fabricaria bons cidadãos. Estas mudanças traduzem-se, no plano pedagógico, numa erosão da centralidade da educação escolar que inclui, quer a erosão da centralidade da escola no monopólio legítimo da certificação de conhecimentos (Martucelli, 2001), quer a afirmação do modelo do “sujeito aprendente”. Este modelo transcende largamente os limites do território escolar e exprime, no campo educativo, o acentuar da responsabilização individual, já dominante no campo da economia.” Desta forma, podemos referir que os Sistemas Educativos se encontram desatualizados, já que o seu tradicional objetivo de reprodução da "cultura e força de trabalho nacionais" (Canário, 2006, p. 30) deixam de fazer sentido numa sociedade global e transnacional.
Na apresentação de alternativas à centralização, muitas são as vozes que reclamam a descentralização dos Sistemas Educativos, no sentido destes responderem de forma mais adequada e célere às especificidades de um país. Neste âmbito, Ginn e Welsh (1999, citados por Benedito, 2007, p. 64) apresentam três critérios de descentralização dos sistemas educativos: a legitimidade democrática (critério de ordem politica), o profissionalismo (critério de ordem técnica) e a eficácia de mercado (critério de ordem económica). A este propósito, Benedito (2007, p. 67) aponta inúmeras vantagens da descentralização, nomeadamente:




. Proporciona um aumento qualitativo da eficiência organizacional.
. Evita a fuga à responsabilidade pois permite uma definição clara e precisa das responsabilidades.
. Evita a saturação informativa (grande volume de informação direcionada a um indivíduo, o que compromete a capacidade de resposta).
. Permite melhorar a qualidade das decisões.
. Permite a redução de papéis e gastos nos serviços centrais.
. Aumenta a velocidade de resposta da organização.
. Permite que sejam acrescentados detalhes à informação que integra o processo de decisão.
. Contribui para a formação de funcionários mais motivados e mais conscientes dos seus resultados operacionais.
. Constitui uma boa base de aprendizagem organizacional.
No entanto, Barreto (1995) sustenta o seguinte: “Não creio que a centralização e a descentralização sejam, em si próprias, virtude ou defeito. A ambas correspondem objetivos, estratégias e políticas. Só podem ser compreendidas e explicadas no seu contexto histórico e social. Tanto uma como outra já foram bem ou mal, se assim se pode dizer. Ambas ajudaram a desenvolver a educação e a liberdade, a manter a ignorância ou a ditadura. Ambas podem contribuir para a democracia ou a oligarquia. Nenhuma é valor absoluto. Eis por que vale a pena, quando se defende uma ou outra, argumentar e demonstrar o que se pretende, sem recurso a valores abstratos ou a ortodoxias reinantes” (p. 159).
Assim, na minha perspetiva o que tem acontecido é que cada governo tenta implementar novas medidas sem fazer a avaliação das anteriores, o que leva à reiteração do que já se realizou. A obliteração dos contributos do passado no design dos projetos do futuro leva à perda de tempo e à confusão no Sistema Educativo, conduzindo à insatisfação e indignação dos seus intervenientes. Segundo Charlot (2005, citado por Canário, 2006, p. 31) “A emergência desta realidade nova, decorrente do processo de globalização, conduz a encarar a educação como uma mercadoria, concebendo-a como um processo de produção para o mercado de trabalho de indivíduos “empregáveis”, “flexíveis”, “adaptáveis” e “competitivos”.”

De acordo com a literatura lida, a visualização dos vídeos e o debate em fórum, constatou-se que a posição defendida por todos os Mestrandos é a da substituição do atual sistema educativo por outro que vá ao encontro dos desafios propostos pelos tempos hodiernos e às realidades de cada contexto educativo. Alvin Toffler sustenta esta posição mas contrapõe o perigo de uma revolução social, pois estariam em causa os trabalhos de milhares de funcionários das escolas. A mudança não se afigura fácil mas há que substituir o sistema educativo obsoleto por um novo, em que os ritmos de aprendizagem próprios de cada aluno sejam respeitados e em que os testes estandardizados não sejam um instrumento para medir as competências de cada estudante. Temos de aprender com o passado para reformular o futuro. Temos de erguer o braço da criança e dizer-lhe: "Sim, tu podes aprender na escola porque ela te prepara para o futuro e para uma profissão que ainda se desconhece o nome!"
Neste âmbito, Delors (1996) sustenta o seguinte: "Já não é possível pedir aos sistemas educativos que formem mão-de-obra para empregos industriais estáveis. Trata-se, antes, de formar para a inovação pessoas capazes de evoluir, de se adaptar a um mundo em rápida mudança e capazes de dominar essas transformações" (p. 72). Salientam ainda que "A formação profissional deve conciliar dois objetivos divergentes: a preparação para os empregos existentes atualmente e uma capacidade de adaptação a empregos que ainda nem sequer podemos imaginar" (p. 136). Por conseguinte, considero que devemos perspetivar o presente como o pilar que sustenta a ponte entre o passado e o futuro. Sem este pilar o vão na ponte torna-se insustentável e cai. Nós que fomos educados no passado temos a experiência do que foi o sistema educativo de outrora. Temos de refletir sobre essas experiências e acreditar na mudança para projetar o futuro com novos métodos e estratégias. Cada um deve opinar pois através dessa chuva de ideias germinará muitas soluções para os tempos atuais e futuros. Como é bom acreditar! É uma energia positiva com repercussões incomensuráveis em todos os contextos societais.
Nesta linha de pensamento e inovação, Carneiro (1994, pp. 10-11) salienta que a sociedade do futuro deverá ser sustentada em três pilares:
1) sociedade do risco - perspetiva o espírito empreendedor, atendendo a que as formas de trabalho flexíveis e precárias pressupõem um modelo de educação mais autónomo, menos homogéneo e mais diverso e plural;
2) sociedade ativa - como nova utopia do séc. XXI, na qual todos têm o direito a uma atividade e à participação nas tarefas de desenvolvimento da comunidade;
3) sociedade educativa - dominada pelo paradigma humano e da capitalização cultural ao invés da omnisciência económica.
Na sociedade atual os termos “empreendedorismo”, “flexibilidade”, “criatividade” e “pensamento divergente” estão na ordem do dia. Cada vez mais é necessário perspetivar a vida como dialética e dinâmica constante. Os empregos não são para toda a vida e a formação ao longo da mesma torna-se essencial para responder aos desafios constantes no âmbito societal. Neste contexto, Roberto Carneiro (2001) salienta que “Refletir sobre a empresa educativa é necessariamente sustentar uma visão de futuro, acalentar uma esperança motivadora, brandir um ideal de sociedade e de valores”.
Delors (1996) também sustenta esta motivação e flexibilidade no mundo do trabalho, salientando que “A rapidez das alterações tecnológicas fez, de fato, surgir em nível das empresas e dos países, a necessidade de flexibilidade qualitativa da mão-de-obra. Acompanhar e, até, antecipar-se às transformações tecnológicas que afetam permanentemente a natureza e a organização do trabalho, tornou-se primordial. Em todos os setores, mesmo na agricultura sente-se a necessidade de competências evolutivas articuladas com o saber e com o saber-fazer mais atualizado. Esta evolução irreversível não aceita as rotinas nem as qualificações obtidas por imitação ou repetição e verifica-se que se dá uma importância cada vez maior aos investimentos ditos imateriais, como a formação, à medida que a “revolução da inteligência” produz os seus efeitos" (p. 71).
Segundo Bourdieu (1994, citado por Gaspar et al., 2008, p. 40), o sucesso dos alunos socialmente mais favorecidos é explicado através do maior capital cultural, sendo este o que mais influência o sucesso dos alunos em contexto educativo. Assim, considero que enquanto contexto de aprendizagem, a escola é uma fonte de conhecimento e de desenvolvimento de competências, mobilizando, transferindo, religando os saberes em uso e preparando, de uma forma holística, o indivíduo para a sua integração plena na sociedade.
Por conseguinte, é necessário ser empreendedor e ver num caminho uma infinidade de saídas e de respostas para uma única questão. Não há idade para se começar a refletir sobre as questões essenciais da vida. Na minha perspetiva, esta atividade deverá ser cultivada ao longo da mesma para não vivermos formatados em sociedade. Temos de aprender a viver e a trabalhar com os outros de forma presencial e em rede. Assim, de acordo com Carneiro (1994) “Nesta alteração de paradigma a adaptabilidade e a flexibilidade passam a ser mais relevantes do que o conceito unilinear de empregabilidade que dominou a filosofia educativa do último quartel do século XX” (p. 11).

Na minha opinião, é indiscutível que as redes de informação se vão intensificar e alargar no futuro, implementando-se em novos campos científicos e alterando alguns paradigmas do conhecimento. A Educação, certamente não será uma exceção. No entanto, só tem acesso à informação quem tem acesso à teia de informações ou a um terminal de rede que se liga a todos os computadores que fazem parte da mesma. Assim, a rede pode ser factor de inclusão como de exclusão social. Neste contexto, Delors (1996) salienta que "Muito embora os efeitos da extensão das redes informáticas sejam ainda limitados, por serem ainda relativamente poucos os que possuem as novas tecnologias e dominam o modo de utilizá-las, tudo leva a crer que se trata de uma revolução inevitável que permitirá a transmissão de uma quantidade cada vez maior de informação num lapso de tempo cada vez mais curto. Observa-se, igualmente, uma crescente penetração destas novas tecnologias em todos os níveis da sociedade, facilitada pelo baixo custo dos materiais, o que os torna cada vez mais acessíveis" (p. 64).
Delors (idem) sustenta também que "Outra característica da globalização, a constituição de redes científicas e tecnológicas que liguem entre si, os centros de pesquisa e as grandes empresas do mundo inteiro, tende a agravar estas disparidades. Faz parte destas redes, quem tiver qualquer coisa com que participar: informação ou financiamento; quem pertencer a países mais pobres (pesquisadores ou empresários) arrisca-se a ser excluído. E deste modo se aprofunda a diferença, em termos de conhecimentos, que faz com que aqueles que deles ficam privados, permaneçam afastados dos polos de dinamismo" (p. 39).
Assim, considero que a construção do conhecimento em rede na escola é possível na atualidade (o nosso exemplo de estudantes online isso justifica) e intensificar-se-á no futuro através de várias ferramentas de trabalho online. A exemplo da atualidade, os alunos poderão frequentar escolas distantes da sua área de residência e o trabalho colaborativo será um dos pilares na construção do conhecimento.
Por outro lado, não devemos olvidar que a Internet, com a crescente comercialização, deixou de ser um espaço de cooperação, para se tornar um lugar de concorrência, tal como acontece nas restantes atividades de uma sociedade de mercado. Na internet também se pode comprar um bem: a informação. No entanto, há muito conhecimento que é disponibilizado a título gratuito (Internet concebida como a grande biblioteca virtual) e que deve ser aproveitado para o desenvolvimento das competências: a mobilização dos saberes e construção de novo conhecimento. Há que dar as ferramentas da utilização do mesmo a todos os cidadãos para que se integrem e intervenham plenamente na sociedade atual e do futuro. 

Referências bibliográficas:


Barroso, J. (2005a). Les nouveaux modes de régulation des politiques éducatives en Europe: de la régulation du système à un système de régulations. In [Dutercq, Yves (dir.)], Les régulations des politiques d’éducation. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, pp. 151-171.
Barroso, J. (2005b). Políticas educativas e organização escolar. Lisboa: Universidade Aberta.

Barreto, A. (1995). Centralização e descentralização no sistema educativo. Análise Social. Vol. XXX (130), (1.º), pp. 159-173. Recuperado em 24 de abril, 2012, de http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223379482O6yFH6cd0Ob50NG5.pdf

Benedito, N. (2007). Modelos de Organização dos Sistemas Educativos, in Centralização de Sistemas Educativos e Autonomia dos Actores Organizacionais. Processos colectivos de interpretação das orientações centrais (Tese de Doutoramento), pp. 50-97. Braga: Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho.
Canário, R. (2006). A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos olhares. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 1, pp. 27-36. Recuperado em 22 de abril, 2012, de http://sisifo.fpce.ul.pt

Carneiro, R. (1994). A evolução da economia e do emprego. Novos desafios para os sistemas educativos no dealbar do século XXI. Recuperado em 18 de abril, 2012, de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166181

Delors, J. (Coord.) (1996). Educação um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Porto: Edições Asa.

Gaspar, M. I., Pereira, A., Teixeira, A. & Oliveira, I. (2008). O Modelo na Relação do Ensino com a Aprendizagem. Departamento de Ciências da Educação, Universidade Aberta. Recuperado em 18 de abril de 2012, de http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=2187891

Gaspar, M. I. & Roldão, M. do C. (2007). Elementos do Desenvolvimento Curricular. Lisboa: Universidade Aberta.
Leite, C. & Fernandes, P. (2002). Avaliação das Aprendizagens dos Alunos: novos contextos. Porto: Edições Asa.
Ministério da Educação - Departamento da Educação Básica (n.d.). Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais. Recuperado em 17 abril, 2012, de http://sitio.dgidc.min-edu.pt/basico/Paginas/CNacional_Comp_Essenciais.aspx

TEMA II

Tema II - Modelos e Tendências Evolutivas nos Sistemas Educativos Europeus

Atividade 2


Decorre entre 10 a 29 Abril

Competências a Desenvolver


Pretende-se que o estudante:
.Conheça e compreenda modelos de Sistemas Educativos europeus identificando os traços dominantes que os distinguem ou aproximam, assim como as tendências emergentes em resultado da sua evolução.

Descrição da Atividade

1.Auto-aprendizagem com base na leitura, análise e visualização dos recurso de aprendizagem disponibilizados. Preencha a grelha de observação e análise de sequências fílmicas referentes aos vídeos disponibilizados. As suas notas serão, posteriormente, discutidas na sala de aula virtual 2. (10 a 15 de abril)

2.Discussão. Decorre entre os dias 16 e 22 de abril entre todos os participantes da turma. O debate decorrerá na sala de aula virtual 2. 

3.Atualização do e-portefólio. Com base nas leituras realizadas, nas pesquisas efetuadas e nas conclusões decorrentes do debate realizado na sala de aula virtual, elabore no seu e-portefólio um pequeno texto síntese relativo ao tema em questão. (23 a 29 de abril)


Referências bibliográficas:


Benedito,   N.   (2007).  Modelos   de   Organização   dos   Sistemas Educativos, in Centralização de Sistemas Educativos e Autonomia dos Actores Organizacionais. Processos colectivos de interpretação das orientações centrais (Tese de Doutoramento), pp. 50-97. Braga: Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho.


Canário, R. (2006). A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos olhares, in Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 1, pp. 27-36.


Carneiro, R. (1994). A evolução da Economia e do Emprego. Novos desafios para os Sistemas Educativos no dealbar do Século XXI.


Delors, J. (Coord.) (2005). Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. 9.ª Edição. Porto: Edições Asa.


Gaspar, M. (2005). Sistemas Educativos: princípios orientadores. Lisboa: Universidade Aberta.